quarta-feira, 26 de junho de 2013

6 DOS ERROS MAIS COMUNS DOS INVESTIDORES

Poucas pessoas gostam de problemas.
Consequentemente, a tendência
natural, na resolução de problemas é
escolher a primeira solução disponível
e avançar com ela. A desvantagem desta
abordagem é que podemos avançar para
um abismo ou para um problema pior
que o anterior. Uma melhor estratégia
é tomar conhecimento das várias
alternativas, estudá-las em profundidade
e considerar as consequências prováveis.
Sabemos, no entanto, que não é assim
que a maioria dos investidores toma
decisões. O mais comum é seguirem a
última estratégia de que todos falam.
Em muitos aspetos, investir é como o
ténis. Ter um serviço arrasador ou um
backhand forte permitir-lhe-á ganhar
muitos pontos mas esta vantagem
desaparece com uma sucessão de duplas
faltas ou erros não forçados. No final de
cinco sets, o vencedor é habitualmente
o jogador que errou menos. Ser capaz
de lançar a bola para o outro lado da
rede, independentemente do que o
outro jogador faz, conta bastante para o
resultado final.
Investir é muito parecido. A menos
que saiba evitar os erros mais comuns
do investimento, os retornos serão
medíocres. Serão precisas muitas boas
ações para compensar apenas alguns
grandes erros.
Os mais frequentes erros dos
investidores são:
1. Tentar adivinhar o mercado
“Market timing” é um dos grandes
mitos do investimento. Não existe
estratégia que consistentemente consiga
prever quando devemos estar dentro
ou fora do mercado e alguém que diga
o contrário provavelmente quer vender
uma dessas estratégias...
Um exemplo simples pode ilustrar
o perigo de estar sempre a entrar ou a
sair do mercado. Segundo um estudo
da American Century Investments para
o mercado americano, se um investidor
tivesse suportado toda a turbulência dos
mercados no período de 1990 a 2005
(com os loucos anos 90 e a queda brutal
dos anos 2000 a 2002), 10.000,00
USD teriam crescido até 51.354,00
USD. Se tivesse perdido os 10 melhores
dias desse período de 15 anos, o seu
retorno cairia para os 31.994,00 USD.
Se tivesse falhado os 30 melhores dias
– um mês em 180 – teria conseguido
15.730,00 USD. Se perdesse os 50
melhores dias, perderia dinheiro e
os seus 10.000,00 USD originais só
valeriam 9.030,00 USD.
Se fosse possível adivinhar o mercado,
com modelos matemáticos ou outros,
pode apostar que já o teriam feito.
2. Tudo ou nada, jogo de sorte ou
azar
Ter em carteira ações arriscadas –
tudo ou nada – é o caminho certo para
o desastre financeiro. A matemática
insidiosa do investimento significa que
recuperar grandes perdas é muito difícil
– uma ação que caiu 50% precisa de
duplicar para voltar à estaca zero.
Encontrar a próxima Microsoft
quando ainda é uma pequena start-up
é extremamente difícil. É muito mais
provável encontrarmos uma empresa
que acabará por desaparecer, uma vez
que é muito difícil discernir qual é qual
quando a empresa está a começar. A
verdade é que muitas empresas pequenas
não fazem mais do que tentar sobreviver
– assumindo que não vão à falência.
Entre 1997 e 2008, por exemplo, 8%
das empresas do Nasdaq foram retiradas
de cotação. São cerca de 220 empresas
cujos acionistas sofreram pesadas perdas.
3. Acreditar que desta vez
é diferente
As quatros palavras mais caras no
investimento são “desta vez é diferente”.
A história repete-se e da mesma forma
que as bolhas rebentam, também depois
de mínimos nos mercados acionistas, as
ações recuperam sempre.
 Winston Churchil dizia “quanto mais
longe no passado olhares, mais longe
no futuro conseguirás ver”. Por isso,
desconhecer a história dos mercados
financeiros é uma desvantagem enorme.
As pessoas esquecem-se da natureza
cíclica das coisas, extrapolam até ao
excesso as tendências passadas recentes
e ignoram a probabilidade da reversão
para a média.
“A Morte das Ações”, um artigo
publicado na “BusinessWeek” em
Agosto de 1979 sinalizando uma
mudança tectónica no investimento, é
um bom exemplo. A base era a seguinte:
i) Sete milhões de acionistas tinham
abandonado o mercado de ações
desde 1970,
ii) As instituições que geriam
fundos de pensões foram autorizadas a
investir noutros ativos que não ações,
iii) Os fundos de investimento, até
então com cerca de 80% investido em
ações, estavam abaixo de 50%,
iv) Poucas empresas encontravam
comprador para as suas ações.
O artigo era tão negativo que quem
pensasse só por si diria: isto já não
pode piorar mais. A verdade é que
marcou a mudança: o início do maior
“bull market” da história. Quando os
preços estão tão baixos, as ações podem
começar a subir sem a ajuda de um
“bull market”.
Da mesma forma, quando as ações
estão caras, os preços podem ruir sob
o seu próprio peso. Em 1999, a revista
“Barron´s” colocava Warren Buffett na
capa e interrogava-se “Que se passa,
Warren?”. Nesse artigo, a “Barron´s”
lamentava a aversão de Buffett a ações
tecnológicas. Nos três anos seguintes o
Nasdaq, índice das ações tecnológicas
nos Estados Unidos, caiu mais de
60%, enquanto a Berkshire de Warren
Buffett subiu cerca de 40%.
Quando os preços sobem para níveis
além do céu, quer no mercado de
ações ou imobiliário ou outro, reina o
otimismo… Do mesmo modo, quando
os preços caem para níveis tão baixos que
as empresas transacionam a 60% do valor
de substituição dos ativos subjacentes e o
pessimismo está em máximos, é comum
aparecer um novo paradigma: as velhas
regras já não se aplicam.
O que, consistentemente, fornece
as fundações para esta insistência de
que o “jogo” mudou para sempre?
As quatro palavras mais perigosas do
mundo do investimento: DESTA VEZ
É DIFERENTE.
4. Apaixonar-se pelo produto
É muito fácil cair nesta armadilha.
Muitos pensaram que a Palm seria
um grande investimento depois de
terem adquirido, na altura do seu
lançamento, uma Palm Pilot. Parece
inteiramente lógico mas a realidade é
que grandes produtos não se traduzem
necessariamente em grandes lucros.
A Palm foi a primeira empresa a
inventar uma organizador portátil que
era relativamente fácil de utilizar e
barato mas o negócio da eletrónica de
consumo é muito exigente. As margens
são magras, a concorrência intensa
e é muito difícil conseguir lucros
consistentes.
Embora excelentes produtos
e tecnologias inovadoras sejam
importantes na avaliação de uma
empresa, nada é mais importante que os
fundamentos económicos e as vantagens
competitivas do negócio. A Palm
produziu um excelente aparelho que
milhões de pessoas compraram, mas, em
2001 e 2002, a Palm perdeu centenas
de milhões de dólares e, em meados de
2003, a ação tinha perdido 98% do seu
valor de entrada no mercado.
Quando olhamos para uma ação,
devemos perguntar-nos: este é um
negócio atrativo? Compraria a
totalidade da empresa, se pudesse? Se a
resposta for não, ignore a ação – mesmo
que goste muito dos seus produtos.
5. Entrar em pânico quando
o mercado está a cair
As ações são, geralmente, mais
atrativas quando ninguém as quer
comprar. A procura de validação – fazer
o que fazem os outros – é uma tentação
muito grande no investimento, mas
a história demonstrou repetidamente
que os ativos são baratos quando toda
a gente os evita. Como dizia Sir John
Templeton, “as alturas de pessimismo
máximo são as melhores para comprar”,
é quando os ativos transacionam por
muito menos do que o seu valor.
Anualmente, a Morningstar leva a cabo
diversos estudos sobre a performance de
vários fundos de ações. Analisando quais
os fundos que atraem mais dinheiro de
investidores e quais deles sofreram mais
levantamentos de capital, chega-se a uma
conclusão muito interessante: as classes
de ativos que todos detestam tiveram
melhores performances do que as que
toda a gente gosta.
Remar contra a maré exige um
conhecimento profundo, capacidade
de análise do que se está a comprar e a
vender e firmeza de carácter. Terá muito
mais sucesso como investidor se pensar
por si próprio e procurar pechinchas
nas partes do mercado que todos
evitam do que se investir nas ações ou
investimentos de que todos falam.
6. Ignorar a avaliação
Este erro veio assombrar muitas
pessoas nos últimos anos. Embora seja
possível que outro investidor pague,
no futuro, 50 vezes os lucros por uma
empresa que comprámos por 30 vezes
os lucros, esta aposta é muito arriscada.
Ou seja, se comprar uma empresa com
um PER de 30, isto significa que seriam
precisos 30 anos de lucros (assumindo
que se manteriam constantes) para
pagar o seu investimento. Importa
ainda dizer que avaliar uma empresa
é muito difícil e não há apenas meia
dúzia de indicadores a considerar. É
necessário levar em conta o histórico
de evolução dos resultados da empresa
e a sua comparação com os seus
concorrentes, para a identificação de
vantagens competitivas sustentáveis.
É fundamental ter a confiança de que
o balanço da empresa é seguro e que,
em caso de dificuldades, vai permitir à
empresa fazer face aos seus compromissos
e até poder investir para aproveitar
oportunidades. É importante analisar
a política de alocação dos resultados
da empresa, para verificar se financiam
as suas atividades com os capitais
gerados internamente; se remuneram
consistentemente os acionistas através da
distribuição de dividendos e recompras
de ações; e se fazem aquisições (se for o
caso) com critério.
Os dois motivos porque se deve
comprar uma ação é porque o negócio
subjacente tem grandes vantagens
competitivas e porque a ação vale mais
do que o preço a que está a transacionar
no mercado. Só desta forma garante
margem de segurança confortável e uma
rentabilidade mais elevada.
Se conseguir evitar estes erros,
conseguirá uma grande vantagem sobre
o investidor comum.
O que importa no investimento não é
o que as pessoas sabem, mas sim o que
elas realisticamente reconhecem não
saber. Um investidor precisa de fazer
muito poucas coisas certas desde que
evite grandes erros.