sábado, 26 de janeiro de 2013

FERNANDO PESSOA E OVO DE COLOMBO


Fernando Pessoa, mais conhecido pela sua poesia, publicou textos relativos ao comércio e à psicologia económica.













Fernando Pessoa
Revista de Comércio e Contabilidade,
Lisboa 1926

Para mim, foi um visionário na sua época, muitas vezes incompreendido, tal como outros e que nós Portugueses não aproveitamos devidamente. Diria mais, Fernando Pessoa, esteve no seu tempo e para o seu império (sim Portugal ainda era um dos maiores Países do Mundo) como Steve Jobs ou Bill Gates estiveram para os Estados Unidos nas últimas décadas.

Senão vejamos uma pequena afirmação sua nesse texto que podem procurar na integra para leitura atenta:

"Um comerciante, qualquer que seja, não é mais que um servidor do público, ou de um público; e recebe uma paga, a que chama o seu “lucro”, pela prestação desse serviço. Ora toda a gente que serve deve, parece-nos, buscar agradar a quem serve. Para isso é preciso estudar a quem se serve — mas estudá-lo sem preconceitos nem antecipações; partindo, não do princípio de que os outros pensam como nós, ou devem pensar como nós — porque em geral não pensam como nós —, mas do princípio de que, se queremos servir os outros (para lucrar com isso ou não), nós é que devemos pensar como eles: o que temos que ver é como é que eles efetivamente pensam, e não como é que nos seria agradável ou conveniente que eles pensassem."

Vamos então tentar compreender o que ele nos disse, tendo sempre presente, que existem dezenas de interpretações possíveis:

- Um comerciante, qualquer que seja; fabricante, empresa, serviço publico, estado, pequena loja ou até um clube de futebol; não é mais que um servidor do publico, ou de um publico; introduz desde logo um conceito praticamente desconhecido a época, o de segmentação ou estratificação de mercado. 

- Introduz ainda o conceito de estudo de mercado e de adequação da produção ao consumidor; para isso é preciso estudar a quem se serve; mais do que a produção em série do principio do século XX, em que a escassez de produtos era tão grande, que tudo se encontrava vendido a partida, não sendo necessário qualquer tipo de marketing, uma vez que a procura superava a oferta. 

- Em meados da década de 50 as coisa começaram a mudar e hoje temos já um consumidor exigente, que sabe aquilo que procura e exige produtos, não se ficando apenas pela aceitação daquilo que é produzido. Uma das poucas excepções, foi nos últimos tempos a Apple, uma vez que criou produtos que os consumidores desconheciam e nem sequer sentiam a sua necessidade.

- Chamo ainda especial atenção para esta pequena inscrição entre parêntesis; para lucrar com isso ou não; introduzindo aqui mais um conceito de modernidade, a filantropia, a solidariedade, o altruísmo, enfim a ajuda aos outros, ao próximo.

Em resumo, segmentação, estudos de mercado, visão estratégica, missão, processos, pessoas, preço, objectivos, controlo, valores, está tudo resumido neste pequeno paragrafo, que muitos gestores e governantes do nosso deviam ler e aplicar no terreno, para não cometerem tantos erros de gestão como nos temos vindo a aperceber nos últimos tempos.

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