A
Industria:
Vários amigos meus têm-me
desafiado a escrever sobre este tema. Sou daqueles que não gosta do impacto
visual negativo nas montanhas de Arcozelo. Mas isso não basta, há que procurar
ir mais longe na procura da Verdade.
É
verdade que para quem visita Ponte de Lima, não é agradável á vista, olhar para
as montanhas em frente do Passei 25 de Abril ou do Largo de Camões.
Mas
um Povo não vive só de paisagem!
Sou
dos que defendem, que mais do que defender a natureza, é preciso defender em
primeiro lugar o ser Humano, como parte integrante da mesma. “Não basta pensar
nos passarinhos e depois os homens não tem que comer” – costumo dizer.
Uma
das primeiras perguntas que coloquei a mim mesmo, foi a seguinte:
-
Será que as Empresas que trabalham nesta área, tem consciência do impacto
ambiental do seu negócio?
Descobri
que sim, mesmo as mais pequenas, mas sobretudo nas empresas de maior dimensão,
todas me confirmaram que essa consciência existe. Na realidade o problema é bem
outro.
-
O que é feito realmente para reduzir esse impacto?
Todas
as Empresas que extraem granito em Arcozelo, possuem uma licença de exploração,
mesmo que provisória. Os terrenos são propriedade da Junta de Freguesia e
portanto arrendados.
Trata-se
portanto de uma Junta de Freguesia (agora vila de Arcozelo), com vastos
recursos económicos, fruto desta exploração. Será que estão a ser usados da
melhor forma? Não me compete a mim essa avaliação. Os seus habitantes, terão
oportunidade de o fazer no próximo ano, aquando das eleições autárquicas.
Por
outro lado, foi a procura do impacto económico desta indústria no nosso
concelho. Descobri que é muito elevado, perto de 10% do mesmo, vem diretamente
daí. É responsável ainda por cerca de 500 postos de trabalho diretos. Isto é
muito importante, num concelho como o nosso, com baixos recursos ao nível do
sector primário e secundário.
Visitei
a Feliciano Soares Granitos, uma das referências no sector e gostei do que vi.
Uma Empresa moderna, empenhada em colaborar com os responsáveis, quer
ambientais, quer económicos, ou mesmo políticos. Uma empresa que interage com a
população e que procura constantemente novas soluções para os problemas que tem
de enfrentar no seu dia a dia.
O
que descobri?
Não
é apenas o impacto visual, que produz impacto ambiental nesta indústria,
existem outros problemas:
-
Os explosivos, os óleos, as lamas inertes, as águas contaminadas com as mesmas,
o ruído, o pó, entre outros.
Nesta
área muito está já a ser feito, quer com os óleos, quer com as lamas inertes. A
empresa que visitei trabalha em circuito fechado de águas. Para outras, mais
pequenas, este é um custo elevado e por isso existe muito ainda para ser feito,
de forma que os cursos de água não sejam contaminados.
Os
mapas de resíduos e a certificação são muito importantes nesta área. A gestão
deste tipo de resíduos é acompanhada pela RETRIA (http://www.retria.pt/) -
Gestão e tratamento de resíduos da construção e demolição através da SEMURAL (http://www.semural.pt/).
A SEMURAL, S.A. é uma empresa que atua no sector ambiental,
prestando serviços a entidades públicas e privadas, sendo especializada na
gestão de resíduos industriais, resíduos de construção e demolição, manutenção
de ETAR’s e na limpeza pública geral e está sediada em Braga.
Alguns dos problemas
desta Industria:
Guerra de preços, redução do numero de obras publicas e
privadas, com perca significativa do mercado Espanhol, um mercado natural,
principalmente na Galiza, fruto do acentuar da crise económica no pais vizinho,
aliado á própria conjuntura económica em Portugal, toda ela muito desfavorável.
Por outro lado, a concorrência desleal, com muitas pequenas
empresas instaladas no terreno, sem o mínimo de condições e muitas vezes
ilegais, do ponto de vista fiscal.
Custos de extração muito elevados e muito interligado com o
preço dos combustíveis e da energia.
Polo industrial parado na freguesia de Arcozelo, embora com
boas perspectivas futuras.
As muitas insolvências verificadas, quer ao nível dos
pequenos clientes, mas muito mais significativamente ao nível dos grandes como
foi o caso da FDO recentemente.
A incerteza política global, com constantes alterações
legislativas, que não permite uma gestão coerente no longo prazo.
Oportunidades -
Projetos Futuros:
Internacionalização aproveitando o QREN. A Procura de novos
mercados. A Procura de novos produtos. A Implementação de tecnologias com vista
a redução custos. A Criação de mobiliário urbano. A aposta na segmentação. A
criação de um serviço de valor, com uma expectativa de qualidade superior para
o cliente final. A associação ao mercado do segmento superior deste tipo de
materiais, usados quer na construção, quer na decoração interior e exterior,
fazendo valer a imagem percebida do produto, como um produto de excelência, com
custo reduzido se levado em linha de conta a durabilidade e a manutenção,
praticamente desnecessária.
Conclusão:
Em jeito de conclusão, foi com satisfação que descobri, que
existe em elaboração um plano, na Dicção Regional de Economia do Norte, através
do Ministério da Economia, que visa a requalificação ambiental futura dos
espaços que agora se encontram em exploração e que vem exigindo cauções e
garantias bancárias ás empresas exploradoras, com vista a garantir o
financiamento futuro desses trabalhos.
O senão deste plano é que se prevê que a extradição de
granitos possa esgotar apenas daqui a 30 a 40 anos, o que quer dizer que o
impacto visual negativo, veio para ficar e teremos de saber viver com ele nos
próximos anos, até porque esta é uma excelente noticia para a economia do
concelho de Ponte de Lima.
Cabe aos Limianos, continuar a busca por novas atividades,
que possam continuar a garantir a sustentabilidade económica de todos, na
certeza que o Turismo e as suas atividades complementares, continuarão a ser
estruturantes no futuro para a garantia das mesmas.
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